terça-feira, 4 de agosto de 2009

Do silêncio

Ele habita nas trevas.
Sua alma está imersa num charco.
O choro, o desengano, a fúria,
Sentimentos tão ruins
Aprisionam seu espírito.
Não há espaço encantado,
Nem caminho com flores
No lugar em que ele está.
Na imensidão ouve-se o som
Angustiante e desesperador
Do gemido que já não pode mais
Ficar preso em sua débil garganta.
Há um frio cortante e ácido,
Um gear de lágrimas sem esperança
Que brotam como erva daninha
Inútil, miserável em seu todo.
Ele estende as fracas mãos
Na tentativa de alcançar as estrelas,
De tocar o céu que sobre sua mente
Estende-se como pavilhão luzente,
Impávido, enganador e traiçoeiro.

Óh! vento perene!
Chama de vida e ventura,
Abraçai o miserável que chora,
Envolvei o aflito que sangra,
Sangra no oculto de seu sofrimento,
Esvaindo seu mundo de sonhos,
Seco ramo sem vida!

As sombras agora caem densas,
Como lúgubre presságio de tragédia.
Os olhos já vão perdendo o brilho,
A face num mármore frio se vai tornando,
Ele pende, declina e ao chão se põe,
Exausto de lutar...
Rendido contempla o céu,
Almeja voar e alcançar as estrelas,
Tornar-se luzidio, incandescente
Astro de fulgor...
Mas já não há forças,
Sua vontade não é mais capaz
De sustentá-lo em seu desejo.
Um silêncio triste paira no ar,
O gemido calou-se...
Há apenas um som derradeiro,
Fatigado suspiro de dor...
O mundo pára...
O tempo cessa...
Não há mais sombras no caminho,
Apenas o silêncio... só o silêncio...

Um comentário:

  1. Um coração translúcido como uma gota de orvalho do alvorecer de um intenso dia. Bjos e continue assim...brilhante

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